segunda-feira, 25 de junho de 2012

Viva la Vida!!!!

E o inverno chegou. Agora na estação, porque sinto (guardadas as devidas proporções), como se os meus primeiros meses deste ano tenham sido de um longo e tenebroso inverno.
Particularmente, outono e inverno são duas estações que não me agradam muito. Sou solar, nascida sob o signo de Sagitário, do elemento fogo, então, não me adapto facilmente aos dias cinzas e frios, ao vento e às folhas secas. É verdade que o inverno traz consigo um certo glamour e alguns aspectos interessantes, como as roupas elegantes, noites românticas regadas a vinho e boa comida, dormir junto de "conchinha" e o prazer de ficar em casa, só curtindo o aconchego do lar, junto às pessoas que amamos.
Mas ainda assim eu prefiro o calor e o sol, a vontade de sair de casa, as tardes quentes e o céu claro do verão. Então, não bastasse o meu estado emocional um tanto instável, o clima também não tem ajudado muito.
Os últimos dias foram sem graça, de uma rotina entediante e nada produtiva. Continuo presa ao círculo vicioso de frustração, baixa auto-estima e sentimento de estar perdendo o meu tempo com algo que não me levará a lugar algum.
Felizmente, em casa as coisas vão muito bem. Estou cada vez mais apaixonada pela minha família, meu filho e meu marido; construindo um lar feliz, curtindo ao máximo os momentos em que estamos juntos. É claro que a minha frustrante situação profissional acaba afetando um pouco minha relação conjugal. Às vezes não consigo simplesmente deixar os problemas do lado de fora; eles vão comigo a todos os lugares, até na hora em que vou dormir! Sei que é errado, mas meu botão on-off está com defeito.
Também estou meio carente de afeto dos meus pais e irmãos, porque me sinto cada vez mais distante deles, embora nos falemos diariamente por telefone. Sei que tenho a minha parcela de culpa nesta situação, mas é difícil evitar a sensação de exclusão e afastamento, como se eles não sentissem a minha falta pra nada em suas vidas, das grandes decisões às coisas mais simples, como ajudar a fazer um orçamento, por exemplo. É, parece que a insegurança anda dominando a minha vida mesmo...

Momentos da Festa Junina
Apesar de tudo, vivenciei alguns momentos de grande alegria, como a festa junina na escola do meu filho. Foi a primeira vez que ele se apresentou em público, dançando com os colegas. Nós, pais e mães (acompanhados por avós, tias e todo mundo da família),  claro, ficamos na primeira fila, babando, como se nossos filhos fossem artistas de Hollywood, enquanto as crianças realizavam uma coreografia toda atrapalhada, afinal, estamos falando de bebês com dois anos de idade apenas. De qualquer forma, foi uma experiência super emocionante e me senti a mais feliz das mulheres, vendo meu pequeno todo esperto em cima do palco.
Um outro momento feliz foi a ligação de uma pessoa muito querida, a quem admiro imensamente e com quem compartilhei minha agruras. O resultado da conversa foi um up no meu astral e a descoberta de uma forma diferente de enxergar as coisas. Nada melhor do que ouvir o conselho de quem já passou por experiências ruins e sobreviveu, sem abrir mão de seus valores e de sua dignidade.
Agora, enquanto escrevo estas palavras, ouço Viva la Vida, de uma de minhas bandas preferidas, Cold Play. Esta música desperta em meu coração uma vontade enorme de esquecer os problemas e ir à luta para ser feliz. Os acordes soam como um canto de libertação, e, fazendo jus ao título, uma reverência ao que temos de mais precioso: a VIDA.
Neste momento, sinto que nem mesmo os dias frios de inverno conseguirão tirar de mim essa alegria. É pra frente que se anda... sempre!


terça-feira, 5 de junho de 2012

Esperando a minha vez

Finalmente, após um longo período de recolhimento, ruminando problemas indigestos, resolvi tentar um reencontro com as palavras, apesar da minha dificuldade para concatenar o turbilhão de pensamentos confusos e teimosos que me assolam dia e noite.
Acabou o mês de maio e eu permaneço com a sensação de ter feito pouca coisa útil neste ano. Maio foi um mês longo e difícil, cujo fim parecia nunca chegar. Presa às minhas frustrações, oscilei entre momentos de alegria e otimismo e outros de profunda melancolia e desesperança. Por várias vezes, sentei-me frente ao computador para expurgar minha angústia através das palavras; fracassei em todas elas, como, aliás, me sinto fracassar em outros aspectos da minha vida.

Maio foi um mês de muitos acontecimentos, principalmente relacionados à minha família. Meus pais e irmãos tomaram decisões importantes em suas vidas, tomando outros caminhos, buscando ser mais felizes. Fiquei muito feliz por eles - mesmo que algumas mudanças nos tenham afastado geograficamente - o importante é que agora estão fazendo planos, retomando antigos sonhos. E não há nada melhor que ver pessoas amadas recuperando a capacidade de sonhar.
Passei todo este período lendo compulsivamente. Livros, revistas, artigos de jornais, blogs, tudo o que pudesse suprir a minha deficiência de argumentos e ideias. Sim, senti-me uma total ignorante nos últimos tempos, uma pessoa com enorme dificuldade de raciocínio e análise crítica.  
Talvez essa condição seja decorrente de minha auto-estima extremamente fragilizada, destroçada mesmo. Isso em função de diversos acontecimentos no campo profissional. Nem Gisela Rao, com seus posts no Blog VAE conseguiu me ajudar nesses momentos!
Claro, por mais que eu me esforçasse, algo me impelia para baixo e eu me sentia sem forças para reagir, porque não conseguia encontrar uma saída racional do imenso abismo em que me encontrava. Acredito que todos tenham momentos assim, onde nada parece fazer sentido. Eu buscava nas ideias alheias um mínimo de sabedoria para tomar minhas decisões.
E assim, fui deixando o tempo passar. Por incrível que pareça, apenas poucas e muito íntimas pessoas perceberam meu estado. Vez ou outra, minha irmã, com a habilidade de um investigador do antigo DOPS conseguia extrair alguma confidência forçada. Também é difícil ocultar as angústias do meu esposo, porque compartilhamos nossa vida - "na alegria e na tristeza, na saúde e na doença..." - não é isso que determina o sacramento?
Bom, mas nem tudo são traumas na minha humilde existência. Se eu fizer um inventário de minha vida, devo assumir que as alegrias superam todos os problemas. Afinal, muitos passam por experiências terrivelmente piores e sobrevivem, com determinação e alegria.

É típico do ser humano potencializar suas dores, dramatizar os acontecimentos ruins, tornando-se uma vítima do que chamamos de "destino". Sei perfeitamente que este momento será passageiro e que viverei muitos outros momentos tão ou mais difíceis. Em uma leitura recente, encontrei a frase que define com perfeição esses dilemas humanos, tornando mais fácil superar a vontade de dramatizar excessivamente a vida:
" O drama e a comédia, as perdas e os ganhos, o deserto e o oásis, o relaxamento o estresse são privilégios dos vivos."
(Augusto Cury - O vendedor de sonhos e a revolução dos anônimos)
Assim, meus caros, bola pra frente que a vida é muito maior e merece ser vivida plenamente e com muito bom humor.
Ontem à noite, ouvi a música "Eu espero a minha vez", do grupo NX Zero e me identifiquei com cada palavra. A música me inspirou a escrever este post, depois te tanto tempo ausente.
Sim, os dias ruins todo mundo tem, mas eu sei que o mundo vai girar. E eu estarei pronta, esperando a minha vez.  
Se o medo e a cobrança, tiram minha esperança,
tento me lembrar, de tudo que vivi,
e o que tem por dentro, ninguém pode roubar.

Descanso agora, pois os dias ruins,
todo mundo tem,
já jurei pra mim, não desanimar.
E não ter mais pressa,
pois sei que o mundo vai girar,
o mundo vai girar,
eu espero a minha vez.

O suor e o cansaço fazem parte dos meus passos,
o que nunca esqueci é de onde vim,
e o que tem por dentro, ninguém pode roubar.

Descanso agora, pois os dias ruins, todo mundo tem,
já jurei pra mim, não desanimar.
E não ter mais pressa, pois sei que o mundo vai girar,
o mundo vai girar, e eu espero a minha vez.

E eu não tô aqui pra dizer o que é certo e errado,
ninguém tá aqui pra viver em vão.
Então é bom valer a pena, então é pra valer a pena,
ou
melhor não.

Os dias ruins, todo mundo tem,
já jurei pra mim, não desanimar
E não ter mais pressa, pois sei que o mundo vai
girar,
o mundo vai girar, e eu espero a minha vez.
(NX Zero)

terça-feira, 17 de abril de 2012

Falta coragem para "matar a vaca"

Ausência.
De palavras, de vontade, de esperança, de notícias. Desânimo aflitivo, perda total de esperança na humanidade. Desconsolo, desalento, apatia, conflitos, angústia, frustração.
Dramático demais? Pois saibam tenho andado às voltas com sentimentos extremamente negativos nos últimos tempos. Nada diferente da situação anterior; mas a angústia aumentou consideravelmente, prejudicando, inclusive, minha relação conjugal.
Isto posto, em resumo, continuo na mesma m&$d@ de antes (desculpem, mas não encontrei palavra melhor). Sinto-me caminhando numa esteira, sem conseguir sair do lugar. O tempo no trabalho se arrasta lentamente, a paisagem é sempre a mesma; os dias, sempre iguais. Falta-me coragem de "matar a vaca" - calma, eu explico daqui a pouco - e acabar com essa agonia de uma vez por todas. Infelizmente, acomodei-me e não consigo reagir minimamente em busca de uma solução.
Para piorar, estou há quinze dias com uma gripe terrível, algo que não acontecia há vários anos e isso só aumenta o meu desânimo.
Reconheço que tenho praticado constantemente o que Gisela Rao (do Blog VAE) chama de sabotation contra a minha auto-estima. A situação melhora apenas quando estou ao lado do meu filho, um oásis nesse meu mundo de conflitos e decepções.
Deixe-me esclarecer a história da vaca:
A história conta que um sábio  leva o discípulo a uma aldeia muito pobre e ali escolhe a moradia mais humilde,  bate à  porta e  um homem com roupas muito sujas o atende. Ele  pergunta ao homem se  ele e seu discípulo podem pernoitar na casa por essa  noite. O homem aceita com cordialidade, mas adverte que é muito pouco o que pode lhes oferecer.
O mestre percebe tratar-se de uma grande família e que seu único  meio de subsistência é uma vaca que produz leite, que é vendido aos seus vizinhos.
Os dois visitantes vão descansar, mas quando chega o amanhecer o mestre chama seu discípulo e o leva para onde se encontra a vaca, pega uma adaga e golpeia o animal. O discípulo, questiona a atitude do mestre, mas este responde apenas que daqui a algum tempo ele entenderia sua atitude.
Um ano depois desse incidente, o mestre leva seu discípulo ao mesmo lugar, onde ele nota que no local agora há uma casa grande e próspera. O mestre bate à porta e é atendido pelo mesmo homem que há um ano lhes deu pousada e vê que o homem estava limpo e bem vestido. O mestre perguntou  a que se devia sua nova vida de prosperidade. O homem disse: - A noite em que vocês passaram por aqui, veio um ladrão e matou a vaca, nos deixando em desespero. Mas todos nós começamos a cultivar a nossa terra e com o que recolhemos nos sobra para vender no mercado da cidade. Assim, acabamos conhecendo outras oportunidades de negócios e nossa vida prosperou. (História recebida por email - desconheço a autoria)

Sou o "homem pobre" do texto. Tenho um emprego que me permite sobreviver, pagar minhas contas, por isso estou acomodada, apesar de me sentir completamente infeliz. Mas falta-me coragem de matar a vaca, principalmente porque meu senso de responsabilidade me impede de ousar nas minhas decisões. Afinal, com um filho para sustentar e educar, sair pro mundo é uma escolha totalmente arriscada.
Matar a vaca implicaria em abandonar uma história da qual eu me orgulho, começar algo novo e imprevisível, arriscar. Infelizmente, assumir grandes riscos nunca foi o meu forte. Por isso, continuo vivendo um dia de cada vez, mas sei que haverá um momento onde serei obrigada a abandonar a zona de conforto e partir para o confronto.
Crescer dói e tomar decisões na vida dói mais ainda. Mesmo assim, percebo que qualquer decisão será melhor do que permanecer na inércia em que me encontro agora.

sábado, 24 de março de 2012

Recordações felizes

Sábado à tarde, uma preguiça gostosinha de quem não tem nada pra fazer. Acabei de receber uma bronca de minha mãe por telefone, por não ido à sua casa... desconcertante. Coisas de mãe, é claro.

Na TV, uma cena acabou por me inspirar a escrever este post: a reprodução de um momento clássico dos anos 80, o filme Dirty Dancing, com Patrick Swayze e Jennifer Grey dançando (I´ve had) the time  of my life. Na última e inesquecível cena do filme, os dois protagonizam um espetáculo musical, com uma belíssima coreografia, que até hoje é muito copiada em diversas ocasiões.


A música é apaixonante e duvido que haja alguém com mais de 30 anos que não a tenha dançado pelo menos uma vez de rostinho colado. Aliás, foi a música que mais me emocionou, porque recordei do meu tempo de adolescente, quando eu suspirava pelos galãs (Patrick Swayse era um dos meus preferidos), colava pôsteres de artistas bonitões na porta do meu guarda-roupa e nas capas dos cadernos, sonhando com príncipes encantados.

As festinhas com a turma da escola, as músicas melosinhas e os garotos tirando as meninas (as mais bonitas, principalmente) pra dançar... bons tempos! Apesar de não ter sido uma garota bonita, dancei algumas vezes essas baladinhas românticas com os garotos e esses foram, com certeza, os melhores momentos da minha adolescência.

Bons tempos, uma época mais romântica e pura. Sim, a nostalgia tá rolando solta agora, porque sinto saudade da inocência desse tempo. Hoje não se vê mais os jovens dançando de rosto colado, nem os sorrisos tímidos, a troca de olhares à distância. As pessoas avançam o sinal e partem logo pro ataque uma, duas, inúmeras vezes em uma única noite. Penso que agora o romantismo só existe mesmo na TV.

Falando em saudade, não posso deixar de comentar sobre a partida do inesquecível Chico Anysio ontem, aos 80 anos, após um longo período de sofrimento.

Chico, assim como Patrick, que não está mais entre nós, também me remete a lindos momentos de minha vida. Seu talento incomparável e os personagens incríveis permanecerão para sempre na memória do povo brasileiro.



terça-feira, 13 de março de 2012

Está faltando assunto

Voltei. Esse período de ausência se deu, em parte, pela falta de tempo, porque finalmente criei coragem para tentar tirar minha carteira de habilitação, uma pendência antiga, dispendiosa e burocrática, porque frequentar cursos para formação de condutores não garante bom desempenho no trânsito. Aliás, no meu caso, a carga horária destinada às aulas de direção deveriam ser muito superiores ao curso teórico, dada minha total incompetência como motorista. Mesmo assim, tenho dedicado duas horas diárias após o expediente de trabalho para cumprir os trâmites impostos pelo Detran. Assim, saio de casa antes das sete da manhã e só retorno às nove da noite, restando poucas horas para organizar as tarefas domésticas e ficar um pouquinho com minha família.

Entretanto, a falta de postagens no Blog ocorreu, sobretudo,  em função da falta de assunto mesmo. Desde o último relato, na minha rotina praticamente não aconteceu nada que merecesse registro. Apenas fatos sem grande relevância, velhos e chatos problemas, ou seja, a mesma ladainha de sempre. Prefiro poupar a quem eventualmente passar por aqui do desgosto de ler minhas sofríveis palavras sobre questões profissionais mal resolvidas.

Não tenho notícias ou fatos relevantes para comentar. Apenas a velha rotina e o sentimento de incapacidade para solucionar os problemas. Felizmente, tenho conseguido administrar a frustração e não me deixar abater pelas ocorrências desagradáveis. Procuro apenas agradecer todos os dias e fazer o melhor possível, sempre. Afinal, muitas pessoas têm problemas mais graves e piores, sofrem desconfortos maiores e não se abatem.

Marquei consulta com um médico neurologista para esta semana, pois vêm ocorrendo alguns esquecimentos constantes, causando situações bastante constrangedoras. Acredito ser ainda muito cedo para sofrer de Alzheimer ou alguma doença desse tipo, mesmo assim, não custa verificar. É muito importante realizar alguns exames para checar se está tudo bem. 

Viver um dia de cada vez... esta é a receita.

É pra frente que se anda!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sobre Carnaval e Casamento

Estive ausente durante o feriado de carnaval; aliás, todo o Brasil esteve ausente neste período. Por alguns dias, o país parou de se preocupar com seus problemas reais para viver a fantasia de uma festa conhecida como o "maior espetáculo da Terra". A fanfarra dos brasileiros ofusca os males sofridos durante o resto do ano e as únicas preocupações do povo são decidir qual o melhor lugar para curtir a folia ou torcer pela vitória de sua escola de samba preferida.

Sim, estou um pouco ranzinza hoje. Talvez pelo fato de não ter compartilhado da euforia do país, por ter passado um feriado absolutamente comum, sem brilho ou fato que mereça destaque. Meu feriado foi sóbrio e consciente; me cansei de ver as mesmas imagens na TV, reprisando dezenas de vezes os desfiles das escolas de samba, a folia do Nordeste, trios elétricos, festa, bebedeira e muita, muita irresponsabilidade. A ressaca deste carnaval terá um gosto amargo para muita gente, que sofreu perdas irreparáveis, em acidentes, assaltos, assassinatos e outras tristezas. Melhor seguir o bonde e ligar a vida outra vez.

Mudando de assunto, no dia 20 completei seis anos de união com meu esposo, Daniel. E logo cedo, enquanto organizava minhas ideias para este post, um amigo fez o seguinte comentário sobre os preparativos de seu casamento: "Se eu soubesse que dava tanto trabalho, teria desistido antes." Como resposta, eu disse: "Amigo, o casamento é um mal necessário."

Agora, refletindo sobre este diálogo, penso na complexidade do tema. Ele está penando com a organização dos rituais matrimoniais (convites, cerimônia, terno, bufê, som, festa...) e tudo mais que envolve este acontecimento marcante na vida de um casal.  Mas, senhores, esta talvez seja a parte mais simples e fácil. Porque o casamento é, antes de tudo, um exercício de aceitação e paciência. Muita, muita, paciência. Depois que acaba a festa e a "lua de mel", aí, sim, a coisa se torna complicada de verdade.

Minhas palavras podem soar como ressentimento, porque não passei pelos rituais e, oficialmente, meu estado civil ainda é solteira. Entretanto, há sete anos atrás eu não tinha a menor intenção de me casar. Pior, eu não suportava a ideia de viver na condição de esposa, mãe de família, dona de casa, etc. O sonho de noiva nunca fez parte da minha vida. Eu queria ser independente, bem sucedida, viajar, viver grandes e intensas experiências, ser a senhora absoluta da minha vida. Por isso, sempre desprezei as palavras melosas e a pieguice dos casais apaixonados.

Mas o "destino" se encarregou de me confrontar com este mal irremediável e necessário. Fui abduzida do meu mundo feminista para conhecer os mistérios da vida conjugal.

O processo foi rápido e totalmente inesperado. Em menos de um ano eu namorei, fiquei noiva - sim, faríamos tudo conforme manda o figurino - e, da noite pro dia estava dividindo um apartamento (e a minha vida) com uma outra pessoa. Não, não foi uma daquelas paixões avassaladoras que nos cegam e fazem perder o juízo. Posso afirmar que a nossa história aconteceu realmente por um acaso do destino. Simplesmente, o enredo foi se desenvolvendo sem que eu tivesse muito tempo para pensar nas consequências.

Como eu disse, casar requer muita paciência, dedicação e aceitação, até mais do que o amor. Porque não é nada fácil dividir a vida com alguém cujos valores, convicções, cultura e vivências são completamente diferentes dos nossos, portanto, o conflito é inevitável. Uma amiga costuma dizer que o casamento é algo terrível e que os casais jamais deveriam morar juntos. Ela defende a teoria do "cada um na sua", casamento liberal, onde o homem e a mulher fazem o que der na telha e eventualmente namoram, voltando para suas respectivas casas depois, porque morar junto é detestável.  

Concordo que dividir o mesmo teto não é fácil. Mas, na minha opinião, há muitas outras dificuldades maiores do que esta. Talvez a maior seja aceitar que o outro não é igual a você e, por isso, muitas vezes, ele não quer fazer as mesmas coisas, não consegue sentir as suas dores, sofrer suas angústias, se alegrar com a sua felicidade ou sonhar os mesmos sonhos.

Para um relacionamento dar certo, há que se ter uma boa dose de generosidade e empatia entre o casal. Porque se colocar no lugar do outro é muito, muito difícil, principalmente neste tempo em que as pessoas tendem a se preocupar exclusivamente com o próprio umbigo. E os defeitos, ignorados no período de namoro, tornam-se exponencialmente maiores com a convivência do dia-a-dia. Como diz uma tia minha: "O amor é cego, mas o casamento usa óculos de grau."

Falando desse jeito, até parece que meu casamento é um desastre; mas é o contrário! Nestes seis anos de convivência, estou aprendendo que não sou o centro do universo, que devo ponderar, ser menos intransigente e mais flexível. Aprendi a ouvir a opinião do meu parceiro e a respeitá-lo como indivíduo. Estou aprendendo a absorver o que existe de bom nele, equilibrando nossas qualidades e defeitos.

Também acredito que eu tenha aprendido a amar de verdade; porque o amor não nasce repentinamente, como a paixão. O amor se constrói na convivência e na superação das dificuldades. É claro que algumas características são mais difíceis (quase impossíveis) de aceitar, mas vamos nos adaptando, principalmente quando se respeita e admira o outro.  E, principalmente, a partir da nossa união, estamos construindo uma família, geramos um filho lindo que amamos incondicionalmente.

Mesmo sem cerimônia, festa e lua de mel, posso dizer que sou muito feliz nesta condição de esposa. Encontrei uma pessoa íntegra, leal, fiel e persistente, até porque conviver com Jacqueline Sudário não é tarefa fácil e, pelo menos por enquanto, ele não desistiu. Divergimos e discutimos muitas vezes, mas permanecemos juntos, respeitando um ao outro.

Por isso, casar é um mal necessário. Dando espaço à pieguice (vejam como o casamento muda uma pessoa!), talvez eu não tivesse me tornado quem sou sem passar por esse processo todo. Além disso, é muito bom ter um companheiro de vida, para crescer e envelher junto conosco.

E, como escreveu o poeta Vinícius de Moraes, "que seja infinito enquanto dure". Ou até que a morte nos separe, se o destino assim o desejar.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sobre pessoas e suas atitudes mesquinhas

Desde sempre, condenei as pessoas por reclamarem de coisas feitas a outras pessoas, jogando na cara favores ou doação do que quer que seja. Também detesto ver gente agindo como coveiro, desenterrando fatos passados, revivendo situações, sofrendo mágoas antigas e chorando pelo leite derramado. E, principalmente, abomino pessoas mesquinhas, aquelas que reclamam o  tempo todo por dinheiro (ou pela falta de), que se negam a ajudar o próximo ou que ajudam, mas alardeiam pelos quatro cantos a sua benevolência, como forma de ocultar sua total mesquinharia.

Na minha cabeça, o passado deve ser mantido em uma outra gaveta da nossa vida, devemos aprender com ele, mas jamais pautar nossas atitudes presentes sobre fatos já ocorridos. Deve-se ajudar às pessoas sem esperar algo em troca, ou seja, a generosidade verdadeira transcende a vaidade e o egoísmo.

Bom... sempre pensei assim.

Mas esta semana, dois acontecimentos familiares, no mesmo dia, obrigaram-me a refletir um pouco melhor sobre estas questões.

Justamente esta semana, assisti a uma belíssima cena da novela "A vida da gente", onde as duas irmãs que se idolatravam discutem ardorosamente, atirando suas verdades na cara uma da outra. Esta cena corrobora minhas conclusões: ser mesquinho é inerente ao ser humano. Talvez os estudiosos do comportamento discordem, mas basta observar como nos transformamos quando nos sentimos ameaçados ou somos magoados por alguém.

Nesses momentos, nos tornamos mesquinhos, porque cobramos todas as dívidas (financeiras ou emocionais) que o outro tem conosco. Remexemos no passado, desenterrando todas as ossadas de acontecimentos ocorridos há séculos, enfiamos todos os dedos em feridas antigas, provocando dor e mágoa. Para nos defender, partimos pro ataque. E, claro, tem o outro lado; o oponente também age da mesma forma. E, no final, o jogo termina empatado, mas com grandes e doloridas lesões em ambas as partes.

Não pretendo fazer uma análise comportamental, apenas registrar minhas observações sobre minhas próprias experiências. Porque esta semana, durante algum tempo, remoí mágoas antigas, relembrei dívidas e julguei pessoas.

Felizmente, o bom senso me impediu de dar voz aos meus pensamentos e proferir em alto e bom som toda a minha "verdade". Fui prudente em não discutir com minha família; apenas desabafei com minha irmã, a "vítima" de uma das situações.

Sobre o outro caso, este ocorrido dentro de minha própria casa, também preferi abafar o turbilhão de pensamentos e indignação, evitando que a panela de pressão dentro de mim explodisse. Aos poucos, fui ponderando e avaliando a melhor forma de lidar com isso. Explodir, discutir ou brigar não seria a melhor opção. Permanecendo calada, a única a sofrer com minha ira seria eu mesma. E, de fato, sofri. Dores de cabeça e do estômago, mal estar e indisposição foram as consequências dos meus pensamentos mesquinhos.

Fico pensando se em outro momento conseguirei o mesmo controle. Talvez expor logo os fatos resolveria o problema na raiz, mesmo provocando um cataclismo familiar. Guardar rancores faz mal e uma hora a panela explodirá.

Mesmo assim, consegui evitar grandes transtornos e me senti em paz com os outros, pelo menos por enquanto.

Ainda estou tentando ficar em paz comigo mesma, porque não é fácil reconhecer em si sentimentos que sempre condenou. Não vou me justificar dizendo que a força das circunstâncias me tornaram uma pessoa mesquinha. No fundo, talvez eu estivesse errada o tempo todo e sim, eu sou uma pessoa mesquinha. Como todos os outros sentimentos, que sequer imaginamos possuir, a mesquinharia está presente, mas permanece oculta, esperando uma oportunidade para aflorar. Diante desta descoberta, resta-me apenas mantê-la sob controle, guardadinha bem no fundo para que ela não predomine na minha vida.

Há algum tempo, li no blog da Ida Lenir a seguinte frase: "O bem e o mal são humanos. Somos todos egoístas, hedonistas".

Eis aí uma grande verdade, contra a qual não se pode lutar, afinal, somos humanos e, portanto, imperfeitos.